September 16, 2010

SOBREO CASAMENTO GAY EM ANGOLA - Artigo publicado no Novo Jornal de Adebayo Vunge

Casamentos
homossexuais na lei?
Adebayo Vunge  

É um lugar comum dizer-se que a família é o núcleo básico de toda a sociedade. Se isso é consabido, não é verdade entretanto que todos tenhamos noção do seu alcance social e até político. As relações interfamiliares estão regulamentadas
quer seja por leis, aprovadas e difundidas pelos organismos do Estado, quer seja por via dos costumes.
No nosso caso, um dos grandes instrumentos que conforma o quadro das famílias, no sentido da sua protecção, particularmente das crianças e mulheres é o Código de Família, lei aprovada há cerca de vinte anos, mas que agora carece de actualização. E, pelo que parece, esta actualização não tem nada a ver com o tempo até porque 20 anos para um documento desta natureza não é nada… principalmente se olharmos outros códigos do nosso ordenamento jurídico. Mas a sua actualização se impõe por questões económicas, fenómenos conjunturais e práticas sociais.
Há algumas destas práticas,de certa forma costumeiras, mas sobre as quais devemos ter coragem em as analisar com objectividade: a primeira delas prende-se com a união de facto.
Há dois tipos de união de facto.
As primeiras no quadro de relações monogâmicas normais e as segundas dentro de relacionamentos poligâmicos ou em que
uma das partes falha no dever de singularidade impostos quer no instituto do casamento quer na união de facto. Por isso o assunto se torna melindroso, embora o argumento que se invoca – nomeadamente das questões patrimoniais seja relevante e pertinente. Veremos então que solução há de ser encontrada, sem que esta ponha em causa o requisito da singularidade ou noutros termos, monogamia e, de modo algum legitime a poligamia.
Outro aspecto que tem suscitado igualmente constrangimentos é a questão do divórcio – havendo mesmo quem questione a oportunidade de casamento tendo em vista a morosidade dos processos e toda a burocracia
envolvida num divórcio, para lá do desgaste emocional que os casos de divórcio geralmente criam sobre os (ex) conjuges
e seus familiares directos, tendo em conta a resistência comum de uma das partes que obriga a um divórcio litigioso há claramente que rever os períodos de tramitação processual, sobretudo numa época e que a simplificação de processos em nome da celeridade está na moda. E este não é um modismo injustificável e ilegítimo!
Entretanto, o ponto bicudo desta revisão ou actualização do Código de Família, a meu ver, não está nestes pontos.
O busílis está na adopção de mecanismos legais que levam o atendimento, sobretudo por razões patrimoniais, das uniões
de facto entre pessoas do mesmo sexo. Ou seja, que estatuto dar a essas situações concrectas?
O princípio da lei actual é claro o casamento é entre um homem e uma mulher e a união de facto engloba os mesmos pressupostos. Está aqui um assunto tabu, mas que pela primeira vez o legislador terá de encarar com seriedade e frontalidade. Há e haverá sempre, cultural, religiosa e naturalmente, alguns contra, mas concordo que se calhar chegou a hora de olhar a essa questão com uma visão mais progressista e admitir que já quase nenhuma sociedade consegue simplesmente ignorar certos fenómenos sociais e comportamentos humanos que se impõem por si próprios!
Vamos nós também precisar de agir com racionalidade.
Em alguns países o fenómeno “casamento gay” ou reconhecimento de uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo
foi assumido frontalmente, e, mesmo em África, como é na África do Sul, já para não citar os países europeus, muitos de matriz católica e conhecidos conservadores (como Portugal e Espanha p.e). Fica sem dúvida a questão: Entre nós, como
será? Que tratamento, que instituto legal será adoptado pelo legislador para conferir legitimidade
aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo?
É claro que o legislador deverá ser progressista e futurista que as condutas sociais e pode
sê-lo – é seu papel! Temos, entretanto, que admitir que, sem necessáriamente haver o grau de perseguição semelhante a outros países (africanos), há ainda muita rejeição aos “gays” e lésbicas em Angola. Não se
verifica sequer aquela posição clara em que os “gays” adoptam uma identidade, impõem a aceitação social e assumem uma posição de reivendicação de uma política de inclusão e respeito. Parece que, silenciosamente é um debate que existe e vamos ver se nesta semana ele vai ter lugar ou alguma evolução.
Será uma forma de ver se existe algum “lobby gay” e se vai ganhar espaço num momento relevante.

September 07, 2010

Minha Sorte Gasta Numa Lata de Coca-Cola


A pouco tempo li um artigo na revista Tabu do Jornal O Sol (11/06/10) uma entrevista a André Jordan um Homem com um percurso de vida invejável, criador entre outras do conceito de Turismo da Quinta do Lago, Vilamoura e Belas Clube de Campo.

Viajado, esteta apaixonado pela cultura, nasceu na Polónia e viajou o Mundo depois de os Pais terem de abandonar a Polónia perseguidos pelos Nazis.
Bem, mas não é sobre a vida deste Homem que quero falar.
A determinada altura da entrevista afirma que " os Portugueses não gostam de vender, são orgulhosos e não gostam de ouvir NÃO". Nada mais verdade se pensarmos que em determinados aspectos os Angolanos são mesmo uma versão Tuga nos Trópicos.
Isto a propósito de um episodio por que passei hoje, mais na enorme saga que são os "TROCOS" nos vários supermercados e lojas do Pais onde sem mais nem porque nos oferecem rebuçados, samba-apitos, chuinga em troca de trocos. Não se doa sequer ao trabalho de perguntar ou de sugerir que sejamos nós a sugerir o que levar no valor do troco. Não! Eles determinam a moeda de troca!

Mas caricato foi o episódio de hoje:

Pois bem, estava eu em Benguela a caminho do Museu de Arqueologia para me juntar ao restante do Grupo de Teatro, em mais um dia de Ensaio, quando pelo caminho me apeteceu uma Coca-Cola. Entrei na primeira loja (boteco) que encontrei e vai de encontrar um balconista que por detrás do seu balcão, esticava as pernas da sua preguiça, fixo num programa qualquer de TV e que pouca importância deu a "mais" um cliente.
Acham sempre que eles não têm a obrigação! Dirigi me a geleira da Coca-Cola retirei uma e estendi ao balconista uma nota de 100 KZ, sendo recebida com um prolongado

Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!! (presumi logo)

Seguido de um ameaçador mas feliz

" Tas cum sorte"!

Pois bem, toda a sorte que me tinha sido dada para o dia, foi gasta numa simples transacção de compra e venda de uma Coca-Cola, uma vez que estava no sitio certo no momento exacto para poder "COMPRAR" uma Coca-Cola e levar o troco que segundo parece por cá, não é um dever do lojista providenciar mas uma questão de sorte.

"Oh então eu que estou com sorte" disse eu

Sim por que ce não tinhas de ir noutro lócal!!!
Ou senão deitava me um olhar fulminante ao estender da nota de 100 e punha me imediatamente fora da loja com um azedo "Não temos troco".
É. Não há aqui uma certa semelhança ao merceeiro mal disposto que insiste em não vender numa esquina Tuga?

MONTRAS